As lideranças no novo normal - Revista Anamaco

Cenários Anamaco

As lideranças no novo normal

Texto: Redação Revista Anamaco

Foi realizada, nesta noite, 10 de agosto, mais uma vídeoconferência da série Cenários Matcon Anamaco. Com o tema “O Papel das lideranças no novo normal”, sob a coordenação do diretor de Comunicação da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Átila Lira, o encontro registrou a participação do gestor do Grupo Construbrasil, Mauro Saccomani; do diretor Executivo Comercial de Varejo e Home Centers da Saint-Gobain, Fábio Corrêa; do coordenador da Fundação Dom Cabral (PE/PB), Horácio Forte, além da presença do presidente da Anamaco, Geraldo Defalco.
Diante de um cenário bastante positivo para o setor de material de construção, que está entre os que registram crescimento durante a pandemia de Covid-19, os participantes destacaram a importância da liderança humanizada e do novo perfil dos líderes nas empresas, onde já não cabem mais posturas hierarquizadas ou impositivas, mas sim do trabalho conjunto e da condução em equipe.
Lira iniciou a conversa questionando sobre o desafio das lideranças no novo momento em que passamos, que exige mudanças das empresas e do modo de pensar. Para Fortes, as pessoas são o principal ativo que as organizações possuem, juntamente com os clientes, pois tudo começa, passa e termina pelas pessoas. “A liderança hoje é situacional e seu comportamento tem de se dar de acordo com o nível de desenvolvimento de seus liderados”, disse.
Forte explicou que são quatro os perfis de liderança. Ao liderado principiante, o líder precisa ser mais diretivo. Se o liderado está no nível aprendiz, o estilo precisa ser mais persuasivo, de convencimento e monitoramento. Diante dos liderados capazes, mais ainda inseguro, a liderança precisa ser de apoio e de levar o liderado às descobertas próprias. Por último, ao liderado mais confiante, o comportamento deve ser de delegação, estabelecimento de limites, dar autonomia controlada e reconhecimento, sempre pensando em extrair o melhor das pessoas. “É preciso perceber qual o melhor estilo para cada momento”, aconselhou.
Corrêa reconheceu que a pandemia exigiu mudança no comportamento de todos, inclusive dos líderes, principalmente, porque, inicialmente, as pessoas estavam muito inseguras e as realidades se diferenciavam de região para região do País. “A forma de gestão mudou. Delegamos, reformulamos a comunicação e todos sabiam o que se passava, cada passo que seria dado, com muita transparência. Conseguimos passar bem pela situação, sempre com muito apoio e num ambiente de 'estamos juntos’”, explicou.

 HORÁCIO FORTE            FÁBIO CORRÊA  
Gestor de um grupo que reúne varejistas de 15 Estados responsáveis por mais de 100 pontos de venda, Saccomani destacou que nada mais importante do que contar com líderes formados nesse momento. O Grupo Construbrasil conta com um Comitê de Recursos Humanos, com reuniões trimestrais e um conceito que se divide na formação do líder de gestão e a atuação dos líderes na pandemia. “Era preciso sabedoria para liderar com recursos escassos, economizar, liderar de forma humanizada. O conceito de liderança venerada no varejo vem mudando rápido e hoje o líder é um servidor, um exemplo, espelho, que acolhe e cria confiança mútua no time”, analisou.
Complementando, Defalco ressaltou que não pode haver velocidade sem direção. “Com a emergência, descobrimos que a zona de conforto não é mais possível. Precisamos nos mexer, reinventarmos o negócio, reaprender. O cliente começou a gerar demandas que não existiam e as lideranças foram surpreendentes e estão se despertando para o que é possível fazer com as ferramentas que estão ai”, observou. 
Outro ponto discutido foi a tomada de decisões. Um dos pontos citados por Forte foi que o líder precisa se preocupar com as competências de seus equipes e entre as principais, estão: liderança, pensamento analítico, criatividade, curiosidade intelectual, diversidade, integridade, orientação a resultado, trabalho em equipe, aderência aos valores da empresa e conhecimento técnico. “Nunca deve ser o eu, sempre o nós”, alertou. “É preciso dar feedback construtivo para ver o que está bom e o que pode ser melhorado As pessoas precisam saber onde estão, onde chegarão e em qual velocidade”, comentou.

 MAURO SACCOMANI GERALDO DEFALCO  

Na sequência, Lira pediu a Saccomani que falasse sobre a tomada de decisão em um momento de crise, quando a empresa olha mais para si. “Antes da pandemia, trabalhamos bastante a liderança porque o varejo está na linha de frente. Esse líder não dá ordem, ele tem de trazer o time na tarefa, isso é importante. Há estudo que diz que a equipe que acredita no líder, que está junto, que tem confiança chega a ter 40% mais produtividade”, contou. “A transparência, informação traz empatia, gera confiança. Acabou o líder que ‘só ele’ sabe. Precisa ter relação de humanidade”, destacou.
Segundo o executivo, com a crise, o Grupo passou a trabalhar os aspectos estratégico operacional e estratégico emocional. “Sentimos que a parte estratégica foi bastante acelerada, com o e-commerce, o drive-thru, os canais digitais, projetos de três anos em quatro meses. No aspecto emocional, o líder vem sendo formado para ter sensibilidade aos medos dos colaboradores, às inseguranças quando ao desemprego, à saúde, e para entender, aceitar e saber medir a produtividade do home office. Aprendemos muita coisa e a formação do líder é fundamental”, salientou.
Lira lembra que, apesar de positivo, o cenário é de incertezas, o que dificulta a definição de métricas e como cobrá-las. “Vimos que tudo mudava muito rápido. Os princípios e comportamentos não mudam, mudou a forma de atingir os objetivos e cobrar porque o cenário não era estático”, comentou Correa, uma vez que enxergavam diversas oportunidades de melhorias. “Vimos que dá para ser produtivo no home office”, disse. ”É preciso estimular a geração de ideias e premiar por isso”, completou Forte.
O coordenador da Fundação Dom Cabral ressaltou que é preciso haver otimismo realista neste momento e que o diálogo é sempre necessário nas organizações, para que as pessoas entendam seus papéis e para que se acabem os ‘melindres’, as departamentalizações.  
Em tempos de crise e insegurança, quando as pressões aumentam, Correa acredita que seja preciso um pouco de transparência, confiança, se sentir ouvido e dividir acertos e resultados e aprender com os erros. Para Saccomani, diante de mudanças drásticas, os colaboradores podem se sentir órfãos caso a estrutura de liderança não ocorra. “Nos preparamos muito em lideranças, um trabalho que já ocorre há dois anos".
Ao final, a conclusão que fica é que os líderes hoje fazem parte da equipe, de forma integrada, não superior. As empresas possuem muitas oportunidades de aprendizado e é preciso habilidade para entender cada momento e cada capacidade individual. Hoje, o líder inspira, mas trabalha junto. “Tecnologia se compra, habilidade de desenvolve, conhecimento se aporta. São as atitudes que fazem a diferença”, finalizou Forte.

Fotos: Reprodução da Internet

 

 

  

 

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