Comércio inovou menos em 2024 - Revista Anamaco

Pesquisa

Comércio inovou menos em 2024

Texto: Redação Revista Anamaco

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizou, pela segunda vez, uma pesquisa de abrangência nacional sobre inovações no comércio. Os entrevistados foram os tomadores de decisões (gerentes, diretores, proprietários, sócios ou administradores) responsáveis pela empresa. Foram ao todo realizadas 840 entrevistas, em oito regiões metropolitanas do País.
Batizado de Pesquisa de Inovação, o levantamento buscou compreender se as empresas têm adotado práticas inovadoras e quais foram as inovações implementadas. Já para aquelas que não inovaram, identificar os principais obstáculos que impediram tais iniciativas.
De acordo com o estudo, em 2023, apenas 38,53% das companhias realizaram alguma inovação, enquanto 61,47% não o fizeram. Esse percentual representa uma redução significativa em relação ao levantamento anterior, em que 55% das empresas disseram que haviam inovado em 2022.
Na análise do Núcleo de Inovação da CNC, essa queda reflete um momento de estagnação e ajuste de cenário pós-pandemia, porque durante o triênio 2020-2022 muitas empresas precisaram se adaptar aos novos modelos de trabalho, comércio e relacionamento com clientes. Passado esse momento de adaptação, as inovações ficaram arrefecidas, chegando no platô de adaptação às novas tendências no ano de 2023. Ou seja, possivelmente, excluindo fatores extremos como a pandemia, os números apresentados em 2023 apresentam mais fielmente a realidade do cenário de inovação para empresas do comércio.
De acordo com a pesquisa, entre os empresários que executaram ou implantaram alguma ideia na sua empresa, 78,63% declararam ter realizado inovação em métodos de marketing e ações para vendas. Com 69,36% de adoção, a inovação em métodos para processamento de informação e comunicação aparece como a segunda mais relevante. Os métodos para fornecer serviços (59,58%) e de logística, entrega e distribuição (57,82%) também registraram alto índice de inovação.
Por outro lado, os métodos de contabilidade e operações administrativas tiveram queda significativa, de 23%, em relação aos números da pesquisa anterior, apresentando o menor índice de inovação, com apenas 35,13% das empresas implementando melhorias nesses setores.
Já entre os que não inovaram, as principais barreiras apontadas são: custo elevado, falta de incentivos governamentais e escassez de profissionais qualificados.
Assim como na edição anterior da pesquisa, a análise dos resultados de 2024 revela uma disparidade significativa na adoção de práticas inovadoras entre empresas de pequeno porte (até dez funcionários) e de grande porte (mais de 50 funcionários). Enquanto apenas 35,13% das pequenas relataram ter realizado alguma inovação em 2023, esse percentual sobe para 68,50% nas grandes corporações.  Essa diferença de mais de 33 pontos percentuais, de acordo com a entidade, pode ser explicada por diversos fatores estruturais e legais. Um fator visto como relevante é o acesso diferenciado a incentivos governamentais, como a Lei do Bem e a Lei da Informática. Ambas são exemplos de políticas públicas de incentivo à inovação que favorecem empresas que operam no regime de lucro real ou presumido.
Pequenas empresas, que em sua maioria estão no regime do Simples Nacional, foram excluídas desses benefícios, o que limita seu acesso a recursos financeiros e técnicos que poderiam fomentar a inovação.
Na avaliação da CNC, a disparidade nos índices de inovação entre pequenas e grandes empresas reflete a necessidade de políticas públicas mais inclusivas e ações estratégicas, direcionadas para empresários do comércio de bens, para equilibrar o cenário.

Foto: Adobe Stock

Comércio inovou menos em 2024
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