Fórum 2018

Em pauta, os rumos do Brasil

Fazendo parte do Dia do Revendedor, a 8ª. edição do Fórum Internacional de Arquitetura e Construção contou, na noite desta terça-feira (13 de março), com uma palestra para discutir o Brasil. Para fazer uma avaliação sobre os rumos da política brasileira e as perspectivas econômicas para 2018, o convidado foi o jornalista e comentarista político da GloboNews, Gerson Camarotti.
Diante de uma plateia composta por executivos de revendas e indústrias de material de construção, além de representantes de diversas entidades ligadas ao setor, o jornalista começou destacando que a interface da política e economia nunca foi tão forte no Brasil como nos últimos anos. Segundo ele, a responsabilidade de todos os que são formadores de opinião passa a ser dobrada neste ano de 2018. “Temos uma crise política que já está durando mais de quatro anos, uma crise econômica que estamos começando a sair do sufoco e a respirar um pouco mais, mas ainda é preciso fazer reformas e mudanças estruturais. Não dá mais para brincar. Estamos no limite da nossa ‘gordura’”, observa.

O comentarista lembra que estamos em um momento político decisivo e, por conta disso, as pessoas querem saber qual será o nome de 2018 e se mostram preocupadas com o processo eleitoral. Mas, na sua percepção o foco deve estar menor no nome e muito mais no discurso e na agenda. “Os formadores de opinião precisam cobrar essa agenda, mesmo que seja impopular para o País. O ajuste fiscal passa a ser fundamental para um crescimento sustentado. Estamos vivendo rombo em cima de rombo”, lamenta.
Para explicar como o Brasil chegou ao ponto em que está, tanto no âmbito político como no econômico, Camarotti voltou ao ano de 2002, quando havia incerteza sobre o cenário eleitoral. Quem iria vencer as eleições presidenciais e qual seria o reflexo dessa vitória. Ele lembra que, naquele ano, o então presidente Fernando Henrique Cardoso chamou todos os pré-candidatos principais colocados nas pesquisas para um pacto de continuidade para a gestão da área econômica. “O impacto maior foi na candidatura do então presidenciável Luís Inácio Lula da Silva, que faz uma carta ousada - o famoso compromisso que passa a assumir na carta aos brasileiros – e quando eleito ela começa a ser implementada, o que foi uma surpresa positiva, já que reformas começaram a ser feitas. Isso tudo deu um resultado positivo mesmo diante da crise política que Lula enfrentou com o escândalo do Mensalão”, destaca.
O modelo que vinha sendo adotado estendeu-se até 2010 e garantiu a eleição da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas a política econômica que vinha sendo praticada de controle artificial da inflação não se sustentou. E em 2013, a percepção de que a economia não andava bem foi sendo concretizada. “A onda de protestos por todo o Brasil já demonstrava o esgotamento do ponto de vista da economia”, pontua Camarotti.
Segundo ele, a partir de 2015, a percepção da população era de grande frustração diante do que havia sido prometido e não cumprido, o que fez com que a popularidade da ex-presidente fosse despencando. Paralelamente, a base aliada começava a abandonar Dilma Rousseff. “Ali começava a ingovernabilidade de Dilma no comando do Palácio do Planalto”, observa.

Confirmado o impeachment da ex-presidente, Michel Temer, ao assumir, acena para o mercado que era preciso fazer reformas, mas prometeu medidas, como reajustas para o funcionalismo público, que não eram mais possíveis de serem colocadas em prática.
Com as reformas necessárias e algumas encaminhadas, o jornalista lembra que o País é surpreendido com a conversa nada republicana, na residência oficial presidencial, entre Michel Temer e o empresário Joesley Batista. Desde então, outros escândalos se sucederam. “Tudo isso tirou o capital político de Temer para votar a reforma da Previdência”, explica o comentarista.
Chegando a 2018, o jornalista reforça que é preciso cobrar uma agenda dos candidatos à presidência. E nada melhor do que um ano de eleições para se cobrar isso. E o Brasil vai discutir qual é a área que deve ter prioridade. Para isso, acredita Camarotti, é preciso ter coragem para colocar esse tipo de debate para o País durante este ano. “É preciso cobrar isso dos candidatos. Que eles se exponham e possam, de fato, apresentar caminhos e que tenham correspondência com a realidade do País. Precisamos estar vigilantes em relação a essa campanha eleitoral”, diz.
Ao final do painel, foi realizado um bate papo mediado pela jornalista Beth Bridi, diretora de Redação da Grau 10 Editora/Revista Anamaco; com a presença de Marcos Atchabahian, diretor-sócio da Village Home Center e presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco); e Juliano Ohta, diretor Geral da Telhanorte Saint-Gobain Distribuição.

A cobertura completa do fórum Internacional de Arquitetura e Construção será publicada na edição 292 impressa da Revista Anamaco

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