Endividamento e inadimplência

Endividamento sobe

Texto: Redação Revista Anamaco

De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) continuou avançando pelo quarto mês, alcançando 78,2% em maio. Apesar disso, ainda está abaixo do resultado do ano passado (78,8%), no entanto o maior percentual desde julho de 2024.
Além disso, o mês apresentou uma ligeira piora na percepção do endividamento, com aumento do percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas”, indo para 15,5%. No entanto, também avançou o percentual dos que se consideram “pouco endividados”, ponto favorável em maio.
O estudo indica que, assim como em abril, no mês, o maior endividamento foi acompanhado por uma alta do percentual de inadimplência, que atingiu 29,5%, o maior nível desde outubro de 2023. Acompanhando esse movimento, mas em menor intensidade, o percentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso avançou para 12,5%, também acima do resultado de maio do ano passado.
A pesquisa mostra que o percentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano continuou em queda pelo quinto mês, alcançando 32,8%, enquanto houve aumento do comprometimento entre três meses e um ano, mostrando que o endividamento está sendo cada vez mais de curto e médio prazos.
Adicionalmente, um fator favorável do mês é que o percentual dos consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas apresentou redução, atingindo 19,7%, o menor nível desde julho de 2023. Dessa forma, o percentual médio de comprometimento da renda com dívidas reduziu para 29,8% em maio, com a maior parte das famílias (56,0%) possuindo entre 11% e 50% da renda comprometida.
Nas modalidades de crédito, o cartão de crédito continuou tendo a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 83,6% do total de devedores; contudo, houve retração de 3,3 p.p. na comparação com maio de 2024.
A categoria de carnês se destacou, novamente, este mês, com aumento de 1,0 p.p. na comparação anual, permanecendo como a segunda categoria mais utilizada, estando 6,6 p.p. acima da terceira categoria, crédito pessoal, que avançou 0,8 p.p. no período.
Na análise dos dados desagregados por renda, pode-se perceber que, na comparação mensal, o aumento do endividamento ocorreu na maioria das famílias, principalmente entre aquelas que recebem entre cinco e 10 salários mínimos (+3,2 p.p.), assim como foi o destaque na comparação anual. Contudo, o grupo com renda acima de 10 salários registrou retração de 3,8 p.p. frente a maio do ano passado.
Já o percentual de inadimplência evoluiu para quase todas as rendas no mês, com as famílias com renda acima de 10 salários sendo a exceção, com queda de 0,2 p.p. Aquelas com renda entre três e cinco salários foram as que mais aumentaram as contas atrasadas na comparação anual (+2,8 p.p.). Os consumidores com renda superior a 10 salários também foram os que conseguiram melhorar suas condições de pagar as dívidas atrasadas, com redução de 0,4 p.p. no mês no indicador. Enquanto houve aumento do percentual de famílias entre cinco e 10 salários que estão com dificuldade de sair da inadimplência, em relação a 2024.
Nesse cenário, projeções da CNC mostram que o endividamento deve continuar aumentando ao longo deste ano. Contudo, uma expectativa de aumento também da inadimplência deve arrefecer esse movimento e gerar cuidado ao longo de 2025. Desse modo, a expectativa é fechar 2025 com as famílias, significativamente, mais endividadas (+2,7 p.p.) e mais inadimplentes (+0,9 p.p.).

Foto: Adobe Stock

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