Inadimplência alcança o maior nível da série histórica, apura CNC
Texto: Redação Revista Anamaco
De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) continuou avançando pelo sétimo mês, alcançando 78,8% em agosto, acima do resultado apresentado no ano passado, sendo o maior percentual desde novembro de 2022.
Apesar desse crescimento, o mês apresentou ligeira melhora da percepção do endividamento, com redução do percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas” (15,4%), incrementando a parcela “mais ou menos endividadas” (29,9%).
Contudo, assim como o resultado de julho, em agosto o maior endividamento foi acompanhado por um crescimento do percentual de inadimplência, que alcançou 30,4%, o maior nível da série histórica.
O estudo mostra que, acompanhando esse movimento, o percentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso aumentou para 12,8%, a maior taxa desde dezembro de 2024 (13,0%).
Já o percentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano continuou em queda pelo oitavo mês, alcançando 31,0%, o menor percentual desde fevereiro de 2024 (30,9%), enquanto houve aumento do comprometimento nos outros períodos, principalmente entre três e seis meses, mostrando que o endividamento está sendo cada vez mais de curto prazo.
Com o prazo para pagamento mais curto e o endividamento em nível maior, as famílias acabaram aumentando o tempo de suas dívidas atrasadas. O percentual de famílias inadimplentes por mais de 90 dias avançou de 47,5% para 47,8%, o maior nível desde fevereiro.
A pesquisa aponta, ainda, que o percentual dos consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas continuou apresentando redução, de 18,9% para 18,6% no mês. Dessa forma, o percentual médio de comprometimento da renda com dívidas reduziu para 29,3% este mês, o menor percentual desde maio de 2019 (29,3%). Em agosto, a maior parte das famílias (55,9%) possuía entre 11% e 50% da renda comprometida.
Nesse cenário, as modalidades de crédito, o cartão de crédito continuou tendo a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 84,5% do total de devedores, mesmo percentual apresentado em julho; contudo, houve retração de 1,2 p.p. na comparação com agosto de 2024.
A categoria de carnês se destacou, novamente, este mês, com aumento de 0,9 p.p. na comparação anual, permanecendo como a segunda categoria mais utilizada, estando 5,6 p.p. acima da terceira categoria, crédito pessoal, que aumentou sua participação para 11,0% dos tipos de dívida utilizados.
Projeções da CNC mostram que o endividamento deve continuar avançando nos próximos meses, mesmo com as preocupações, levando a inadimplência para novos recordes. Desse modo, a expectativa é fechar 2025 com as famílias significativamente mais endividadas (+3,1 p.p.) e mais inadimplentes (+1,6 p.p.) do que no fim do ano passado.
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