O que esperar dos próximos meses - Revista Anamaco

Fórum de Líderes 2020

O que esperar dos próximos meses

Texto: Redação Revista Anamaco

Por mais um ano, o lojista de material de construção contou com um dia dedicado a ele, durante o 10º Fórum de Líderes do Varejo e Indústria de Material de Construção. Realizado na noite de 10 de março, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, o evento integra a programação do Dia do Revendedor, no Fórum Internacional de Arquitetura, Design e Construção.
Promovido pela Expo Revestir, Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer) e Revista Anamaco, o encontro reuniu cerca de 450 pessoas, entre  empresários da indústria, do varejo e de entidades ligadas ao setor.
A abertura oficial foi feita por Manfredo Gouvêa Júnior, presidente do Conselho de Administração da Anfacer. Em seu pronunciamento, falou sobre a satisfação de estar em mais um evento para discutir sobre o desafio de manter a indústria da construção civil no Brasil ativa, altiva e sempre crescente. “Que possamos sair daqui mais confiantes no ano e na retomada efetiva dos nossos negócios”, declarou.
Na sequência, Geraldo Defalco, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), destacou que, apesar de todos os momentos econômicos difíceis pelos quais o setor passou, os empresários demonstram coragem para continuar nessa jornada e fazendo do País o que ele merece. “Convido a todos do segmento a darem sua contribuição e não ficarmos passivamente esperando e ouvindo o que devemos fazer. Temos de participar mais ativamente e não ficarmos dependendo da política”, frisou.

  
Rodrigo Navarro, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), por sua vez, disse que, independentemente das externalidades que o setor enfrente, como alta do dólar, coronavírus e outros fatores, indústria e varejo vão trabalhar juntos para atravessar mais um ano de crescimento. “Essa é a nossa convicção e é para isso que estamos trabalhando. Não vamos ficar lamentando. Vamos trabalhar para superar as dificuldades e ter mais um período de crescimento, a exemplo do que aconteceu em 2018 e 2019”, reforçou.
A diretora de Redação da Grau 10 Editora/Revista Anamaco, Beth Bridi, agradeceu aos lojistas de todos os cantos do País presentes ao evento e dos executivos da indústria. Ela destacou que os fabricantes estão dando um show de tecnologia, inovação, novas soluções, design e de competência da indústria de acabamento. “A Expo Revestir é, ainda, um importante espaço de geração de conteúdo”, pontuou.

  
Beth lembrou que, há alguns anos, os temas econômicos vêm dominando a pauta do Fórum de lideranças e que, este ano, não foi diferente. Ela lembrou que a missão da palestrante da noite - a economista Zeina Latif -, seria redobrada porque o mundo está cheio de problemas dos mais variados, com previsões de crescimento revistas para baixo no mundo inteiro e lembrou que nada mais oportuno do que ter a economista no evento para esclarecer alguns pontos e dar um norte para o segmento. “Que possamos sair daqui com um pouco mais de conteúdo e mais embasamento para as tomadas de decisão”, ressaltou.
Considerada uma das mulheres mais influentes no Brasil, a consultora de economia Zeina Latif iniciou sua apresentação sobre as perspectivas para o País nos próximos meses falando, inevitavelmente, sobre o coronavírus, não para dar respostas, mas para dar uma “pincelada” nos riscos que a doença traz à economia.
Ela lembrou que os mercados estão voláteis e vão continuar assim por um tempo até que seja possível dizer que o pior já passou. “Estamos vendo, diariamente, os países adotando medidas para controle do fluxo de pessoas. Vamos ter uma sequência de informações do impacto de tudo isso na economia”, explicou.
Zeina destacou que a volatilidade dos mercados não é neutra para a vida das empresas e pode ter implicações, gerando contágios financeiros, atrapalhando o crescimento do crédito e torna o ato de investir - de uma forma geral - ainda mais cauteloso. A consultora lembrou que, no ciclo de desaceleração da economia global e de encolhimento do comércio mundial, os investidores de obras de infraestrutura já estavam muito seletivos, fenômeno que estava impactando no Brasil.
Ela lamentou que nesse cenário não há muito o que os Bancos Centrais possam fazer. Eles podem reduzir taxas de juros, como o Banco Central vai fazer e o Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) já fez, mas não vai resolver o problema porque há um clima de desconfiança.

  
Na sua percepção, há um contágio que vem pelo mercado financeiro e também pelo comércio mundial, que já vinha em trajetória, ao longo do ano passado, de encolhimento. Esse movimento tem muita relação com as políticas mais protecionistas dos países, como por exemplo a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que tirou o sono de tanta gente em 2019, mas virou assunto menor diante de tantas turbulências.
A realidade, segundo ela, é que com a China desacelerando e o problema do coronavírus, o comércio mundial vai continuar encolhendo - ainda não se sabe em que ritmo. “Ter a China no olho do furacão é um tremendo problema porque ela tem um peso muito maior no PIB mundial hoje do que foi no passado, chegando a mais de 20%”, revelou, acrescentando que os problemas na China dificultam as exportações.
Zeina lembrou, ainda, que a depreciação da moeda não está acontecendo apenas no Brasil, que os demais países emergentes também estão sofrendo com isso e que há um contágio pelo comércio internacional e pela cotação do dólar, que já estava num ciclo de fortalecimento no mundo e que o pano de fundo é o enfraquecimento do comércio mundial. “Os Estados Unidos são um país em que a dinâmica do crescimento é muito mais ditada pelo mercado interno e o comércio internacional não é o que puxa a economia americana. Quando o comércio vai mal, o país sofre os impactos, mas em menor escala”, explicou.
A economista observou que quando se soma as incertezas mundiais à postura mais conservadora dos investidores, o movimento de proteção aumenta, o que faz com que a moeda americana se fortaleça.  E quando o dólar está mais valorizado, a economia brasileira sente os reflexos. Zeina desmitificou o senso comum que acredita que quando a moeda americana está mais alta, aumenta a competitividade para a indústria nacional. Ela frisou que essa situação encarece a importação, mas no curto e médio prazo, o efeito do dólar em alta é de contrair a economia porque gera um choque de custos muito forte.
Na avaliação da consultora, o aumento dos casos de coronavírus no Brasil é inevitável e vai tirar força do crescimento do País. Já há revisão para baixo da projeção do PIB para este ano e a expectativa é que a alta chegue a apenas 1,5%. Apesar disso, a economista classifica o momento como muito incerto, mas não acredita em recessão. “Pode ser que tenhamos períodos muito difíceis no primeiro semestre, mas não se trata de um quadro recessivo”, garantiu.

 

A cobertura completa da palestra poderá ser conferida na edição 316 impressa da Revista Anamaco

Momentos antes da realização da palestra, Eraldo Soares, editor da Revista Anamaco, fez uma entrevista exclusiva com a economista Zeina Latif.

Fotos: Alan Morici/ Marcelo Pereira

 

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