Pesquisa da CNC indica maior cautela com a intenção de consumo em agosto
Texto: Redação Revista Anamaco
De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), após três meses de alta, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) voltou a recuar (0,3%) em agosto, descontados os efeitos sazonais. Em relação à comparação anual, houve redução da intenção. Porém, alguns itens mostraram avanço. Mesmo com essas reduções, o indicador se mantém acima do nível de otimismo (101,6 pontos sem ajuste sazonal e 102,9 pontos com ajuste).
O estudo revela que a maioria dos componentes registrou movimento de baixa na comparação com agosto de 2024. As exceções referem-se ao Nível de Consumo Atual - ICF (1,1%), Acesso ao Crédito (1,4%) e destaque para a Perspectiva Profissional - ICF (3,1%). Mesmo com maior facilidade das compras a prazo pelo terceiro mês, a percepção do momento para compra de bens duráveis continuou com a maior retração (6,9%), mostrando a forte influência do aumento da Selic desde o ano passado. Já a Renda Atual - ICF cedeu 3,0%, revelando que os preços continuam sendo um desafio para o poder de compra da população.
O crescimento anual do Acesso ao Crédito foi acompanhado por uma estabilidade na comparação mensal, mostrando maior cautela com a liquidez do mercado de crédito, mas ainda com os consumidores em um patamar melhor do que 2024 em relação às compras a prazo. Dessa forma, o percentual daqueles que consideram mais fácil o acesso recuou para 32,6%, o menor desde abril de 2020 (33,1%).
O Emprego Atual - ICF, por sua vez, teve ligeira queda no mês (0,2%), convergindo para a tendência do resultado da análise anual (-1,3%), uma piora na percepção das famílias em relação ao mercado de trabalho no curto prazo. A Perspectiva Profissional - ICF também voltou a recuar na comparação mensal em agosto, mas obteve a maior taxa positiva frente ao ano passado (+3,1%).
De acordo com a pesquisa, outro fator positivo para os próximos meses é que 53,2% das famílias possuem boa perspectiva sobre o emprego, o maior percentual desde março de 2024 (53,3%). Com a perspectiva para os próximos meses do mercado de trabalho mais dividida, a Perspectiva do Consumo - ICF ficou estável no mês e recuou 0,2% em relação ao ano passado.
O estudo mostra que a intenção de consumir, em agosto, teve queda em ambas as faixas de renda analisadas, tanto na comparação mensal quanto anual. Porém, em intensidades diferentes.
O indicador das famílias com renda abaixo de 10 salários retraiu 0,1% em relação a agosto de 2024, compensando a alta de julho, mas ainda ficando acima do nível de otimismo (100,3 pontos após o ajuste sazonal). Enquanto isso, as famílias com renda acima de 10 salários recuaram 2,4%, permanecendo em tendência de queda durante todo o ano. * com ajuste sazonal
A pesquisa mostra que Acesso ao Crédito - ICF foi um dos itens que colaboraram para essa diferença, com alta anual de 2,1% entre as famílias de menor renda e queda de 1,4% para as com maior renda. Mostrando que as instituições financeiras estão dando mais atenção para esse grupo com até 10 salários no momento de fornecer crédito para compras a prazo.
Em relação ao mercado de trabalho, o arrefecimento mensal da Perspectiva Profissional - ICF observado no indicador geral foi apresentado com a mesma força para ambos os casos, com queda de 0,5% para os dois grupos.
Já a Perspectiva de Consumo - ICF teve aumento de 1,7% nas famílias com rendimentos abaixo de 10 salários e queda de 7,8% naquelas com maiores rendimentos, frente a agosto de 2024.
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