Resíduos não recicláveis são transformados em energia limpa e ganham novo destino
Texto: Redação Revista Anamaco
A indústria brasileira do cimento - considerada, atualmente, um dos segmentos com maior potencial para operar com grandes volumes de lixo urbano não reciclável - tem o compromisso de dar destino adequado ao lixo e contribuir para a destinação sustentável dos resíduos com o coprocessamento.
Essa tecnologia transforma resíduos sólidos urbanos, industriais e passivos ambientais em energia térmica. Nesse processo, o resíduo substitui parte do combustível que alimenta a chama do forno - que transforma argila e calcário em clínquer (matéria-prima do cimento). Uma opção segura para a destinação adequada e sustentável de resíduos e de passivos ambientais em fornos de cimento.
Dados do relatório “Panorama do Coprocessamento 2024″, publicado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), mostram que a cadeia cimenteira brasileira coprocessou cerca de 3,25 milhões de toneladas de resíduos em 2023, a maior marca da série histórica.
Segundo o documento, naquele mesmo ano, a tecnologia evitou a emissão de aproximadamente 3,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera em relação aos métodos mais tradicionais de produção, que envolvem o uso do coque de petróleo como combustível.
Atualmente 32% da matriz energética do setor é composta por fontes renováveis e mais limpas. Resíduos domésticos pós-triagem continuam sendo a principal alavanca de crescimento e terá grande representatividade nos quase 55% da energia do setor até 2050.
A matriz energética atual está dividida em 68% de fósseis, 18% biomassas (cavaco, licuri, babaçu, caroço do açaí, carvão vegetal, entre outros) e 14% resíduos (pneus inservíveis, perigosos e urbano).
Paulo Camillo Penna, presidente da ABCP, explica que, diante desse cenário, a produção de Combustível Derivado de Resíduos Urbanos (CDRU), com destinação para o uso em fornos das cimenteiras, representa uma grande oportunidade para o setor e para a sociedade como um todo. “Com a substituição do coque de petróleo pelo CDRU, é possível reduzir, significativamente, as emissões de carbono, contribuindo para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Além disso, o coprocessamento de novas fontes energéticas e renováveis nas fábricas de cimento ajuda a diminuir a quantidade de resíduos dispostos em aterros sanitários, evitando passivos ambientais e problemas de saúde pública além de alongar a vida útil dessas estruturas”, afirma Penna.
O executivo frisa que, a partir de uma forte atuação regional, a indústria do cimento está acelerando o desenvolvimento de CDRU no Brasil para fins de coprocessamento, seguindo como diretriz o Roadmap Tecnológico, buscando o aumento de recicláveis, encerramento dos lixões e redução da disposição em aterros.
Esse tema será debatido por autoridades, lideranças empresariais, corpo técnico, pesquisadores e especialistas, nacionais e estrangeiros, no segundo dia do 9º CBCi - Congresso Brasileiro do Cimento e da ExpoCimento, que será realizado, de 30 de junho a 2 de julho, em São Paulo.
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