Retorno em alto nível - Revista Anamaco

Fórum Internacional Expo Revestir (FIER+)

Retorno em alto nível

Texto: Redação Revista Anamaco

O mezanino do São Paulo Expo, na capital paulista, ficou pequeno para acomodar os executivos de material de construção que quiseram acompanhar, de perto, a programação do Fórum Internacional Expo Revestir (FIER+). De volta ao formato presencial, o evento, que contempla uma grade de programação variada, teve a noite de terça-feira (14 de março) dedicada ao varejo de material de construção.
Realizado paralelamente à Expo Revestir, o FIER+ Varejo, uma realização da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer) e Grau 10 Editora/Revista Anamaco, reuniu executivos do setor, que participaram da palestra do economista Ricardo Amorim, um dos economistas mais conhecidos e respeitados do Brasil.
A abertura oficial do Fórum foi feita por Benjamin Ferreira Neto, presidente do Conselho de Administração da (Anfacer). O executivo deu as boas-vindas, destacou a realização da feira em casa nova e o nível dos estandes das empresas expositoras. “Sinto-me recompensado pela presença de todos aqui. Que possam ter um excelente evento”, frisou.
Na sequência, Beth Bridi, diretora de Redação da Grau 10 Editora/ Revista Anamaco, agradeceu a parceria com a Anfacer, ressaltou a importância desse dia, que começou com a visitação à feira e foi encerrado com palestra de nível internacional, um espaço para os debates e com o reconhecimento da indústria aos melhores revendedores de revestimentos cerâmicos e louças sanitárias. “A feira está maravilhosa, com muita tecnologia e produtos que vão fazer a diferença no ponto de venda”, destacou. 



Após quatro anos, o economista Ricardo Amorim voltou ao Fórum e iniciou sua apresentação falando sobre a expectativa trazida pela pandemia de que qualquer coisa associada à construção seria um “show de horrores”, mas lembrou que aconteceu o contrário. “O impacto econômico da pandemia, que poderia ter causado a maior retração da história, mas os governos do Brasil e do mundo responderam à altura”, disse.
Segundo ele, essa resposta veio de dois lados: primeiro do lado fiscal porque nunca governos e Bancos Centrais colocaram tanto dinheiro no bolso dos consumidores. Nesse cenário, taxas de juros foram ao chão - a Selic chegou a 2% no Brasil - taxas de juros negativas nos Estados Unidos, Europa e Japão. “Chegamos a ter um momento em que 1/3 de tudo que havia de investimento em renda fixa no mundo era com juros negativos”, observou.
Dessa forma, houve crescimento em diversos setores, inclusive no de material de construção. Mas, no pós-pandemia iniciado no ano passado, o jogo começou a mudar porque a inflação subiu no Brasil e no mundo. “Juros para cima significa menos crédito, menos lançamentos imobiliários e menos pessoas fazendo reformas”, ressaltou.
Apesar do cenário ainda de tempestade, Amorim disse acreditar que pode vir surpresa boa. Ele comentou que, na última sexta-feira, vivemos o risco real de caminhar para uma grande crise financeira global, mas disse que o governo americano reagiu, no final do domingo à quebra do Silicon Valley Bank (SVB), a segunda maior quebra de um banco na história americana, e de mais dois brancos que quebraram, garantindo que todo o dinheiro dos depositantes será sacado. “Dependendo do caminho que vá acontecer daqui pra frente, é possível que o pior tenha ficado para trás. Não é uma certeza, riscos ainda existem”, destacou.

Cenário incerto
O palestrante deixou claro qual era, até o dia 09 de março, o grande desafio a ser enfrentado por quem faz política econômica mundo afora: baixar a inflação. O economista lembrou que a inflação no mundo teve, recentemente, a maior alta dos últimos 40 anos.
Não apenas a inflação muito alta, mas houve um sinal de que a inflação no setor de serviços ia demorar muito a cair. Amorim comentou que a taxa de desemprego é a mais baixa da história e quando não há pessoas para contratar é preciso pagar mais pelos salários. E quando o salário sobe, com mais dinheiro no bolso, as pessoas consomem mais. Do outro lado, o custo para quem produz sobe. “Com mais gente querendo comprar, os preços sobem. Esse fenômeno está sendo sentido, particularmente, nos Estados Unidos e na Europa”, salientou.
Ele lembrou que a quebra do SVC começou a gerar uma crise de confiança em relação aos bancos pequenos e médios nos Estados Unidos, o que faz com que os depositantes tirem suas aplicações de instituições menores e depositem em bancos “acima de qualquer suspeita”. “Quando isso acontece há uma quebradeira generalizada. A economia é movida à confiança”, disse.
Quando o governo garantiu que o dinheiro dos depositantes dos bancos que faliram poderá ser sacado, ele sinalizou que não é preciso haver uma corrida bancária. Amorim salientou que o Banco Central precisa pesar duas coisas: por um lado, pode cortar a inflação e subir juros, mas isso pode frear a economia, o que acarretaria em mais inadimplência e aumento do risco de crise bancária. Do outro lado, para de subir juros, garantir dinheiro para que os bancos não quebrem. Isso pode gerar inflação mais alta, mas o crescimento maior do país. “Eu não sei qual caminho eles vão tomar. Está muito cedo para saber. Mas de sexta-feira para hoje o que está projetado de juro futuro no mercado americano despencou. Isso significa que o que estava desenhado era um cenário no qual a economia americana e europeia iam frear, com possibilidade de recessão bastante significativa. E todos na dependência da recuperação da economia chinesa”, pontuou.
Hoje, segundo Amorim, não está claro o que será feito. Ele analisa que se a decisão for pisar no acelerador, vem uma surpresa grande e significativa pela frente. 

Oportunidade para o Brasil?
Esse cenário de aceleração coloca o Brasil, do ponto de vista macroeconômico, em posição muito melhor em relação aos países desenvolvidos. O economista acredita que pode haver uma surpresa muito positiva por aqui. “Isso se o Brasil não queimar o bilhete premiado”, reforçou.
Amorim lembrou que o Brasil combateu a inflação antes do resto do mundo. O que tinha que ser feito aqui já foi feito, mas no mundo ainda precisa ser feito. “Se houver um cenário positivo global, teremos condição de derrubar a taxa de juros, expandir o crédito e impulsionar o mercado imobiliário”, disse.
O palestrante lembrou que, pela primeira vez, em 20 anos, a inflação do Brasil está mais baixa do que no resto do mundo. Isso significa dizer que o resto do mundo precisa de mais juros.
De acordo com ele, o Real está entre as moedas que tiveram o melhor desempenho no ano passado. Amorim frisou que estamos num ciclo puxado por commodities e quando isso acontece as moedas de países emergentes se valorizam, sobretudo os que são exportadores de commodities, o que aumenta a competitividade ao mercado doméstico. “Esse movimento de apreciação cambial segura a inflação”, frisou.

 

Outro indicador que pode fazer o Brasil é o de desemprego. Amorim comentou que, no final do ano passado, o País tinha a segunda maior taxa de desemprego do mundo, mas ela está caindo muito. “O mundo está sentindo a freada quando nós temos todas as condições para acelerar”, reforçou.
Segundo o economista, há um ano, a inflação começa a cair e os salários começam a subir mais rápido do que a inflação. E o salário real subindo também. Dessa forma, com mais gente trabalhando e mais dinheiro no bolso, há mais consumo. E mais um detalhe, coloca o Brasil em condição melhor: a invasão da Ucrânia, traz à tona o risco geopolítico. “O Brasil é um país emergente grande e com risco geopolítico baixo, o que atrai investidores”, frisou.
Amorim lembrou que, no ano passado, o Brasil cresceu mais do que Índia, Estados Unidos e Europa, com menos inflação do que Europa e Estados Unidos e desemprego caindo mais do que todos eles. “A economia brasileira está numa situação muito melhor do que lá fora”, destacou.
Este ano, a oportunidade no Brasil deveria ser juro para baixo, mais crédito, mais consumo e mais venda. Mas para isso acontecer, o governo não pode “chutar o pau da barraca” na área fiscal. Segundo ele, é preciso fazer uma boa Reforma Tributária.
Para finalizar, em debate com empresários do varejo de material de construção, fez uma análise sobre a necessidade urgente da Reforma Tributária e Administrativa.

Homenagem ao varejo
Em seguida, aconteceu a 21ª Edição do Prêmio Destaque Expo Revestir - Revista Anamaco 2023, que homenageou as melhores lojas, por região, de revestimentos cerâmicos e louças sanitárias do Brasil, em eleição conduzida pela Anfacer e auditada pela Revista Anamaco.
Os premiados foram escolhidos em pesquisa realizada com os fabricantes de revestimentos cerâmicos e material de acabamento, que estão expondo na feira. Para chegar aos vencedores, o levantamento considerou três critérios: exposição do produto, parceria com a indústria e atendimento ao consumidor.

 

O prêmio, dividido em sete regiões brasileiras, teve como vencedores: Região Norte (Agroboi, Comac Pisos e Azulejos, Cocil, Dicasa, Makro Home Center, Jurunense Home Center e Lìder Home Center); Nordeste (Carajás, Casa Sertaneja Mat. Construção, Ferreira Costa, Normatel Home Center, Pisolar, Potiguar, Refinare e Tupan Home Center); Centro-Oeste (Paraná Mat. Construção, Objetiva, Alvorada, Grupo Campeão da Construção e Todimo); São Paulo Interior e Litoral (Bandini Lar & Construção, Casa dos Construtores, Casa Verde, Construmarques Jaú, Destro Casa & Construção, Franpisos e Padovani Mat. Construção); São Paulo Capital e Grande São Paulo (Telhanorte/Tumelero, Leroy Merlin, Sodimac, Joli Mat. Construção, Tukmus Mat. Construção, C&C e Village Home Center); Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santos (ABC Atacado, Amoedo, Santa Cruz Acabamentos, Chatuba, CNR Mat. Construção, Comarco e Dalla Home Center) e Sul (Balaroti, Casas da Água, Cassol Centerlar, Lojas Quero-Quero, Grupo Revest e Telhanorte/Tumelero).

Fotos: Alan Moricii/Grau 10 Editora

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