Endividamento e inadimplência

72,17 milhões de negativados

Texto: Redação Revista Anamaco

De acordo com o Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o número de consumidores brasileiros com contas em atraso registrou um aumento de 8,49% em outubro, na comparação com o mesmo período de 2024. Na passagem de setembro para outubro, o número de devedores cresceu 0,56%. 
O levantamento estima que o Brasil tinha, em outubro, 72,17 milhões de consumidores negativados, o que representa 43,30% da população adulta do País. Segundo o estudo, a alta anual de devedores foi impulsionada, principalmente, por dívidas com tempo de atraso de três a quatro anos, que representam 28,28%.
José César da Costa, presidente da CNDL, explica que os dados mostram que o brasileiro médio está financiando o básico (contas, alimentação, pequenos gastos), não mais o supérfluo ou o investimento em bens duráveis. “A taxa Selic permanece em 15% ao ano, conforme reafirmado pelo Copom, o que encarece o crédito, reduz a margem de manobra do consumidor e a tolerância das instituições financeiras ao risco. A situação torna as renegociações mais difíceis, além limitar o consumo e o investimento, travando a recuperação do varejo e da economia doméstica”, destaca o executivo.
Na abertura por faixa etária do devedor, a pesquisa mostra que o número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em outubro foi da faixa de 30 a 39 anos (23,52%). A participação dos devedores por sexo segue bem distribuída, sendo 51,21% mulheres e 48,79% homens.
Na análise por Região, o Norte apresentou a alta mais expressiva no número de inadimplentes na comparação anual, com crescimento de 8,47%, seguido pelo Sul (8,45%), Centro-Oeste (7,20%), Nordeste (7,19%) e Sudeste (6,52%).
O estudo revela, ainda, que, em outubro, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.867,44 na soma de todas as dívidas. Considerando todas elas, cada inadimplente devia, em média, para 2,24 empresas credoras. Os dados ainda mostram que quase três em cada dez consumidores (30,42%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 43,63% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.
Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, frisa que crédito caro, renda estagnada e educação financeira insuficiente resultam em País em que milhões de consumidores permanecem à margem do sistema financeiro, o que limita o crescimento do varejo, reduz a produtividade e amplia a vulnerabilidade social. “A saída exige coordenação entre política monetária, instituições financeiras, governo e sociedade civil, com foco em reabilitação financeira estruturada (transição do crédito caro para o crédito produtivo), educação financeira prática e contínua, revisão de produtos de alto custo (rotativo e cheque especial) e inovação em análise de risco e microcrédito para reintroduzir o consumidor no mercado formal. Sem essa integração, a inadimplência seguirá sendo uma barreira estrutural ao crescimento econômico e à inclusão financeira no Brasil”, opina.
Em outubro, o número de dívidas em atraso no Brasil teve crescimento de 14,43% em relação ao mesmo período de 2024. Na passagem de setembro para outubro, o número de dívidas apresentou alta de 1,03%.
Abrindo a evolução do número de dívidas por setor credor, destacou-se a evolução das dívidas com o setor de Bancos com crescimento de 17,21%, seguido de Água e Luz (11,88%), Comunicação (8,87%) e Comércio (2,59%).
Na abertura por Região em relação ao número de dívidas, a maior alta veio do Norte (15,40%), seguida pelo Sul (14,81%), Centro-Oeste (13,41%), Sudeste (13,02%) e Nordeste (12,64%).

Foto: Adobe Stock

72,17 milhões de negativados
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