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Abramat lança estudo anual 'Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da Indústria'

Texto: Redação Revista Anamaco

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), em evento exclusivo para os seus associados, apresentou o estudo anual "Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da Indústria de Materiais - Edição 2025", elaborado pela consultoria Ecconit.
O documento apresenta os dados gerais da cadeia produtiva e inclui o detalhamento de informações referentes a 10 diferentes setores da indústria de material de construção. Esta edição apresenta, ainda, um capítulo especial com análise sobre a produtividade na construção civil brasileira.
Entre os dados apresentados por Ana Maria Castelo, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e responsável pelo estudo desde sua primeira edição, o mais relevante é a contribuição da cadeia da construção para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Em termos reais (valor adicionado), o setor expandiu 4,4% em 2024, num crescimento superior ao PIB total do País. Esse resultado reflete as vendas de material, que atingiram R$ 318,6 bilhões no período, registrando um aumento nominal de 6,1%. Já no recorte de empregabilidade, o estudo aponta a criação de 809 mil postos de trabalho, com crescimento de 3% em relação a 2023. "Esses números consolidam a construção civil como motor econômico fundamental. O estudo da cadeia produtiva nos permite entender o desempenho passado e dimensionar, com precisão, os impactos de políticas públicas, como o recém-lançado Programa Reforma Casa Brasil", afirma Paulo Engler, presidente executivo da Abramat.
Na sequência, ao avaliar a conjuntura da cadeia da construção, Ana Maria ressaltou que, após um primeiro trimestre positivo, houve uma inflexão na curva de faturamento do ano vigente. Essa desaceleração se deve, principalmente, à queda no número de pequenas obras e reformas, influenciada pelo endividamento das famílias e pelo custo de crédito muito alto.
Nesse contexto, os números recentes indicam uma estabilidade com viés de queda no faturamento do setor, que deve encerrar 2025 com crescimento tímido de 0,5%. As perspectivas para 2026, contudo, são significativamente mais otimistas, impulsionadas justamente pelo Programa Reforma Casa Brasil.

Crédito para reformas habitacionais

Para dimensionar esse impacto potencial, a consultoria Ecconit elaborou para a Abramat uma modelagem econométrica e análise de multiplicadores setoriais que avalia os efeitos dos R$ 40 bilhões em crédito facilitado para reformas habitacionais anunciados pelo Governo Federal. "O programa representa uma mudança importante no cenário que vínhamos observando. Dos R$ 40 bilhões disponibilizados, estimamos que R$ 35,2 bilhões se transformem em demanda para fornecedores em geral e, deste total, R$ 12,3 bilhões devem chegar, especificamente, à indústria de material de construção", explica a economista.
Na sua análise, o efeito imediato do programa será sentido nos canais de distribuição, que deverão ajustar estoques em antecipação à demanda, movimento que pode gerar algum impulso para a indústria ainda no final deste ano.
Nas projeções para o próximo ano, a consultoria aponta três cenários, considerando a execução parcial do programa e fatores como o elevado endividamento das famílias brasileiras e a desaceleração econômica esperada. "De forma bem conservadora, pois a economia nos pede esse olhar mais diligente, acreditamos que o setor pode crescer entre 0,9% e 2,9% no próximo ano, dependendo da efetividade do Programa Reforma Casa Brasil", pontua Ana Maria, reforçando que a iniciativa é vista como positiva e bem planejada do ponto de vista fiscal, pois concede crédito e não subsídio, evitando fragilizar as contas públicas.
Apesar do otimismo com os resultados esperados, a entidade está atenta a possíveis gargalos que podem comprometer a efetividade do programa. O principal deles é a escassez e o alto custo da mão de obra, uma vez que o mercado de trabalho formal continua pressionado, com o custo da mão de obra (medido pelo INCC) em alta de quase 10% nos últimos 12 meses, muito acima da inflação média. "Não adianta a família ter acesso ao crédito para comprar material se não conseguir contratar profissionais para executar a obra", alerta Engler.
Além dessa questão, outra importante causa defendida pela entidade, que será rigorosamente monitorada durante a execução do Reforma Casa Brasil, é a conformidade dos produtos, para evitar o risco de consumo de material que não faça parte da lista de marcas qualificadas (PSQs) recomendadas no site do Ministério das Cidades. "É crucial que a indústria e o varejo se mobilizem para ajudar a suprir essa demanda por mão de obra e se mantenham vigilantes em relação à conformidade dos produtos adquiridos com o crédito governamental. O sucesso do programa depende disso", finaliza Engler.

Foto: Divulgação

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