Cenário preocupante
Texto: Redação Revista Anamaco
Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta para uma continuidade no crescimento da inadimplência no País. Em junho, o Brasil registrou 71,28 milhões de consumidores negativados, o que representa 42,89% da população adulta.
Os números do mês mostram um crescimento anual de 7,73% no número de inadimplentes em comparação com o mesmo período de 2024. Na análise mensal, de maio para junho de 2025, o número de devedores cresceu 0,93%, também um aumento em relação ao 0,78% observado de abril para maio. Essa dinâmica reforça que a base de inadimplentes continua se expandindo de forma significativa.
José César da Costa, presidente da CNDL, diz que é preocupante constatar que a inadimplência segue em patamares tão elevados, atingindo um novo pico em junho. Na sua análise, a persistência desse cenário evidencia a dificuldade contínua que o brasileiro enfrenta para manter o equilíbrio financeiro. “Apesar de alguns indicadores macroeconômicos mostrarem sinais de melhora, eles ainda não se traduzem em alívio efetivo para o orçamento familiar. A inflação que impacta o custo de vida, as elevadas taxas de juros e um ambiente econômico ainda desafiador continuam a impulsionar milhões de pessoas para a lista de negativados. É crucial que medidas estruturais sejam implementadas para reverter esse ciclo e oferecer um suporte mais robusto à população", salienta.
O estudo mostra que o crescimento do indicador anual de devedores, de 7,73%, está fortemente concentrado no aumento de inclusões de consumidores com tempo de inadimplência entre três e quatro anos, registrando uma variação expressiva de 46,54%. O tempo médio de atraso das dívidas no Brasil é de 28,1 meses (aproximadamente 2,3 anos), um leve aumento em relação aos 27,9 meses de maio.
Em relação à faixa etária, a pesquisa revela que a maior participação de devedores no Brasil, em junho, foi do grupo de 30 a 39 anos, representando 23,70% do total de inadimplentes. Essa faixa etária concentra cerca de 17,62 milhões de pessoas negativadas, o que significa que mais da metade (51,91%) dos brasileiros nesse grupo etário estão com o nome em cadastros de devedores. A distribuição por sexo se mantém equilibrada, com 51,15% de mulheres e 48,85% de homens entre os devedores, mantendo a idade média em 44,8 anos.
O estudo indica que, no mês, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.786,83 na soma de todas as suas dívidas, um aumento em relação aos R$ 4.743,23 registrados em maio. Além disso, cada inadimplente possuía, em média, dívidas com 2,21 empresas credoras, um pequeno acréscimo em relação às 2,20 empresas de maio.
Nesse cenário, o número de dívidas em atraso no Brasil também registrou um crescimento expressivo em junho, com um aumento de 12,82% em relação ao mesmo período de 2024. Esse dado é superior ao crescimento de 11,15% observado em maio, indicando uma piora substancial na capacidade de pagamento dos brasileiros. Na comparação mensal (maio para junho), o número de dívidas em atraso subiu 1,44%.
Ao analisar a evolução por setor credor, o segmento de Bancos destacou-se com o maior crescimento no número de dívidas em atraso, registrando um aumento de 16,51% na comparação anual de junho. Esse crescimento é ainda mais acentuado do que o de 14,37% registrado em maio. Os setores de Água e Luz (6,44%) também apresentaram crescimento. Em contrapartida, as dívidas com os setores de Comunicação (-1,23%) e Comércio (-0,22%) apresentaram uma leve queda no total de dívidas em atraso.
Em termos de participação no total de dívidas, o setor bancário continua a concentrar a maior fatia, com 66,89% do total, demonstrando a forte influência das operações de crédito financeiro na inadimplência. Água e Luz aparece na sequência com 10,00%, seguido pelo Comércio com 9,40% e Outros com 8,18%.
Já a análise regional da inadimplência de pessoas físicas revela disparidades importantes. Em junho, o Centro-Oeste apresentou a alta mais expressiva no número de inadimplentes na comparação anual, com crescimento de 9,78%, superando o já alto índice de 8,19% de maio. As demais regiões seguiram com aumentos anuais significativos: Sul (8,03%), Norte (6,12%), Sudeste (5,93%) e Nordeste (5,61%).
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