Consumidores voltam a ficar negativados
Texto: Redação Revista Anamaco
De acordo com o Indicador de Reincidência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), oito em cada dez consumidores retornam para os cadastros de negativação em menos de um ano após o pagamento de uma conta negociada. O estudo aponta que, em maio de 2025, do total de negativações, 83,48% foram de devedores reincidentes, isto é, que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses.
José César da Costa, presidente da CNDL, observa que o endividamento elevado e persistente indica um cenário de perda de renda real ou a sua má alocação. “Mesmo com a recuperação no mercado de trabalho, muitas famílias permanecem com orçamentos comprometidos por gastos básicos. Isso também se reflete no fato de que quase 60% dos consumidores quitaram dívidas de até R$ 500, o que evidencia dívidas de pequeno valor, porém impactantes para o orçamento familiar”, explica Costa.
Na sua análise, sem atacar o problema de forma coordenada - com atenção ao consumidor, ao crédito e à estabilidade fiscal - o Brasil corre o risco de entrar em uma espiral de fragilidade financeira doméstica, que penaliza tanto o varejo quanto a recuperação econômica mais ampla.
O indicador revela, ainda, que o tempo médio entre o vencimento de uma dívida para outra é de 71,1 dias, ou seja: depois de 2,4 meses (em média) de ficar inadimplente, o consumidor volta a atrasar o pagamento de uma segunda conta.
Os dados da pesquisa mostram que, nos últimos 12 meses encerrados em maio, houve uma queda de 0,04% no número de devedores reincidentes, aqueles que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes no período analisado. A comparação é com os 12 meses anteriores. “O quadro de reincidência elevada e recuperação de crédito em declínio é reflexo direto de um ambiente macroeconômico hostil. A taxa Selic elevada encarece o crédito, tornando renegociações mais difíceis e desestimulando o consumo a prazo. Juros altos afetam o crédito ao consumidor e o custo das dívidas renegociadas, o que pode explicar o motivo de tantos consumidores voltarem a atrasar pagamentos poucos meses após regularizarem sua situação”, afirma Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil.
O indicador mostra, também, que, nos 12 meses encerrados em maio, houve queda de 11,92% no número de consumidores que conseguiram sair das listas de negativados. A comparação é com os 12 meses anteriores.
O Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas do SPC Brasil mostra a evolução do número de consumidores que deixaram os cadastros de inadimplentes por terem realizado o pagamento das suas dívidas em atraso. São utilizadas as informações de saídas de CPFs das bases às quais o SPC Brasil tem acesso. Em conjunto com os dados de reincidência, esses dados permitem melhor monitoramento da inadimplência no País, que atinge cerca de 42,59% da população adulta.
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