Endividamento e inadimplência

Endividamento avança em menor velocidade e estabiliza a inadimplência

Texto: Redação Revista Anamaco

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) continuou avançando pelo quinto mês, alcançando 78,4% em junho. O resultado, entretanto, ainda está  abaixo do registrado do ano passado (78,8%), mas o maior percentual desde julho de 2024.
Além desse crescimento, o mês apresentou ligeira piora na percepção do endividamento, com aumento do percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas” indo para 15,9%, o maior percentual desde março.
Diferentemente de maio, em junho, o maior endividamento foi acompanhado por uma estabilidade do percentual de inadimplência, que permaneceu em 29,5%, o maior nível desde outubro de 2023. Acompanhando esse movimento, o percentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso ficou em 12,5%.
Apesar dessa amenização da inadimplência, continuaram com redução os prazos para arcar com as contas. Tanto que o percentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano continuou em queda pelo sexto mês, alcançando 32,2%, o menor percentual desde março de 2024 (31,7%), enquanto houve aumento do comprometimento até seis meses, mostrando que o endividamento está sendo cada vez mais de curto prazo.
O estudo revela, ainda, que além de os consumidores terem conseguido estabilizar as condições de pagar as contas atrasadas, eles estão ficando menos tempo com suas dívidas atrasadas. O percentual de famílias inadimplentes por mais de 90 dias recuou para 47,3%, enquanto ocorreu aumento somente no período de até 30 dias, demonstrando preocupação com os custos de se postergar uma dívida.
O percentual dos consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas continuou apresentando redução, atingindo 19,2%. Dessa forma, o percentual médio de comprometimento da renda com dívidas reduziu para 29,6% em junho, com a maior parte das famílias (56,0%) possuindo entre 11% e 50% da renda comprometida.
A pesquisa mostra que nas modalidades de crédito, o cartão de crédito continuou tendo a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 83,8% do total de devedores; contudo, houve retração de 2,5 p.p. na comparação com junho de 2024.
A categoria de carnês se destacou novamente este mês, com aumento de 1,0 p.p. na comparação anual, permanecendo como a segunda categoria mais utilizada, estando 6,5 p.p. acima da terceira categoria, crédito pessoal, que avançou 0,6 p.p. no período.
Ao analisar os dados desagregados por renda, o levantamento indica que, na comparação mensal, o aumento do endividamento ocorreu nas famílias com renda até cinco salários, principalmente naquelas que recebem entre três e cinco salários mínimos (+0,6 p.p.). Por outro lado, o grupo com renda entre cinco e 10 salários chamou a atenção ao ter retração de 0,2 p.p. nesse período.
Já o percentual de inadimplência nas famílias com renda acima de 10 salários registrou queda de 0,1 p.p. e as com renda abaixo de três salários ficaram estáveis. Aquelas com renda entre três e cinco salários foram as que mais aumentaram as contas atrasadas (+0,5 p.p.).
Os consumidores com renda entre três e cinco salários foram os únicos com piora nas suas condições de pagar as dívidas atrasadas, em relação a maio, com aumento de 0,5 p.p. no mês, no indicador. Enquanto houve redução de 0,5 p.p. do percentual de famílias entre 5 e 10 salários que estão com dificuldade de sair da inadimplência.
Projeções da CNC mostram que 2025 deve ser encerrado com as famílias significativamente mais endividadas (+2,5 p.p.) e mais inadimplentes (+0,7 p.p.).

Foto: Adobe Stock

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