Endividamento e inadimplência crescem entre os consumidores de renda média - Revista Anamaco

Endividamento e inadimplência

Endividamento e inadimplência crescem entre os consumidores de renda média

Texto: Redação Revista Anamaco

Dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mostram que o percentual de famílias com dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) permaneceu inalterado em maio pelo quarto mês consecutivo, representando 78,3% das famílias no País. Desse total, 18% consideram-se “muito endividadas”, o maior percentual desde agosto de 2022.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pelo estudo, o endividamento dos consumidores vem apontando estabilidade desde dezembro do ano passado, mas deve voltar a crescer em julho. O encarecimento e a seletividade das concessões de crédito pelas instituições financeiras têm se refletido na estabilidade da proporção de endividados nos últimos meses.
O levantamento revela que a melhora da renda disponível com o alívio da inflação e a evolução positiva do mercado de trabalho, por sua vez, atenuaram a proporção de consumidores que atrasaram dívidas em maio. O indicador permaneceu estável (29,1 % do total de famílias), próximo da média trimestral (29,2%). Por outro lado, segue aumentando o volume de famílias com dívidas atrasadas por mais tempo: em maio, as que afirmaram não ter condições de pagar dívidas em atraso de meses anteriores representam 11,8% do total, o maior percentual desde outubro de 2020.
A pesquisa indica que a cada cinco famílias, uma admite que não conseguirá pagar uma dívida já atrasada. Os juros elevados dificultam esse pagamento, pois acirram as despesas financeiras. Com isso, o volume de consumidores com atrasos por mais de 90 dias segue em tendência de alta. Do total de inadimplentes, 45,7% estão com atrasos por mais de três meses, maior percentual em três anos.
No recorte por faixa de renda, cinco em cada 10 inadimplentes com até 10 salários atrasaram uma dívida por mais de 90 dias em maio (48,2%). Entre os com mais de 10 SM, essa proporção foi de três em cada 10 consumidores.
Dentre as modalidades de dívida, 87,2% dos consumidores chegaram em maio endividados no cartão de crédito, o maior volume em um ano. Essa proporção é ainda mais alta entre as famílias com mais de 10 SM (88,1%). Nas famílias com rendas média e baixa, os endividados no cartão representaram 87,1%.
O endividamento ocorreu de maneira distinta entre as faixas de renda na passagem de abril para maio: nos dois extremos de renda, houve queda da proporção de endividados, enquanto nas faixas de rendimento médio a proporção de endividados aumentou. Na comparação anual, no entanto, o endividamento cresceu em todos os grupos.
O levantamento mostra que o quadro da inadimplência tem se acirrado entre as famílias de renda média. Cresceu mais o contingente de pessoas com dívidas atrasadas no mês justamente entre os com renda 3-5 SM (1,9 p.p.) e 5-10 SM (2,1 p.p.). O aumento do número de consumidores sem condições de pagar dívidas de meses anteriores foi maior no grupo com 3-5 SM (2,0 p.p.).
As famílias de baixa renda estão assistidas pelo Bolsa Família com valores maiores e mais beneficiários. Soma-se a isso a retomada das contratações formais de pessoas com menor nível de escolaridade, o que tem auxiliado esses consumidores no pagamento de dívidas. São elas também o principal foco de renegociações. Com isso, o risco de inadimplência vem aumentando mais na classe média.

Foto: Adobe Stock

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