Engajar pessoas e formar equipes - Revista Anamaco

Cenários Anamaco

Engajar pessoas e formar equipes

Texto: Redação Revista Anamaco

O último encontro virtual da série Cenários Matcon Anamaco, realizada pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), teve como tema “Como engajar pessoas e formar equipes de alta performance” e ocorreu no dia 19 de outubro pelo canal do YouTube da entidade, com a mediação do  diretor de Comunicação da Associação, Átila Lira.
Participaram da videoconferência Mauro Romero, sócio-diretor da Buhamra e Romero Consultoria e Treinamento e professor de Marketing dos cursos de pós-graduação da Unifor, Unifanor, Faculdade CDL e Instituto Euvaldo Lodi da FIEC; Adriano Andrade, diretor Comercial da Amanco Wavin; e Hiroshi Shimuta, presidente Nicom Material de Construção (SP) e do Conselho da Acomac - SP.
O presidente da Anamaco, Geraldo Defalco, também marcou presença e destacou os últimos números revelados pela pesquisa Termômetro Anamaco, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), para a entidade, que aponta a continuidade dos índices positivos de vendas das mais diversas categorias, mas com certa resistência dos revestimentos cerâmicos.
Lira enalteceu o crescimento, que deve continuar na percepção de mais de 50% dos entrevistados, mas que exige cuidado para evitar decisões precipitadas. Ele destacou, ainda, a pesquisa Cielo que compara os períodos de pré e pandemia e mostra que o setor de material de construção cresceu 16,2%, índice próximo ao setor de alimentos, que registrou elevação de 16,5%. “Isso mostra a importância e a grandeza de nosso segmento”, disse.
Entrando no tema da live, Romero iniciou sua avaliação destacando o papel do desenvolvimento tecnológico no enxugamento da economia, disse que muitos profissionais foram disponibilizados no mercado e as empresas buscam profissionais mais diferenciados para ter competividade. “Cada vez mais, é preciso que eles estejam engajados no time para entregar valor na ponta”, afirmou.
Às vezes, as empresas contratam profissionais para a empresa e o que faz diferença é trazer pessoas que vistam a camisa. Para isso, é importante trazer o funcionário pela emoção e fazer com que a equipe entenda a empresa, sua missão, aonde vai onde e aonde quer chegar e trazer o coração do funcionário para a empresa. Um dos desafios, segundo Romero, é fazer com que esse funcionário se transforme num defensor e admirador da marca, que a marca se torne irresistível para ele e pense em agregar valor.
É preciso envolver o funcionário e deixar claro o que a empresa espera dele. “Trazer o funcionário para o jogo, e não aquele que atuará só no seu espaço, mas num espaço maior, o que se espera dele”, afirmou. Deve-se trabalhar sentimento da equipe, sabendo que eles têm sonhos, e envolvê-los nos objetivos da companhia, mostrando que eles fazem parte desse time”, opina o consultor.

O líder tem de ser capaz de desafiar o processo e estimular o time a ir mais longe, do contrário, os funcionários ficam mais vulneráveis ao mercado, que está atrás daqueles que fazem a diferença

Andrade, por sua vez, concorda que o engajamento está diretamente relaciona ao que se proporciona, as estratégias, os propósitos. “O funcionário tem de construir junto”, afirmou. Para ele, o engajamento da equipe comercial é mais difícil, especialmente no momento de pandemia. “O comercial sempre está em campo, gosta do olho no olho e a distância não é fácil. Preparamos uma série de pontos para a equipe trabalhar no dia a dia, montamos uma rota virtual que ajudou a equipe a lidar com o momento difícil, a rotina precisa ser mantida, o cliente precisa ser visitado e a equipe passa a ser consultor”, comentou.
Segundo ele, houve uma intensificação da capacitação da equipe comercial, com digitalização, por exemplo. “A nova forma de atuar não é só para este momento, muita coisa ficará. Não podemos parar de fazer reuniões, precisamos manter as rotinas semanais, mensais, trimestrais, se atinge os objetivos é preciso comemorar mesmo à distância”, salientou, lembrando que a transparência deve haver sempre.
Na sua vez, Shimuta disse que começou com 30 m², mas pensava grande e queria estar entre as grandes empresas. "É preciso acreditar no mercado, nas pessoas e onde pode chegar. Ninguém faz nada sozinho, é preciso ouvir mais e falar menos. Reúno todos aqui, ouço a ideia deles, capto as melhores ideias e vejo como usar tudo isso. Assim, começo a engajar as pessoas”, explicou.
Na análise do empresário, não é só estar bem com o funcionário, incentivar ou pressionar o funcionário. “Hoje, tudo mudou, tudo está no computador. Tive de adaptar tudo isso e cada vez mais aparece um sistema novo. Estamos em treinamento para o novo sistema. E evolução é constante e precisamos fazer parte dessas mudanças”, disse. Defalco destacou a importância da participação, da transparência para o sucesso da empresa. “O time é muito importante”, completou.
Em um segundo momento da live, Romero falou sobre as competências para o alto desempenho dos funcionários. “Coloco os cinco Es para o engajamento de pessoas, principalmente dos líderes: emocionar, envolver, estimular, engajar e encantar. É o caminho para trazer um time que joga a favor, junto”, disse.
O consultou explicou que emocionar é trabalhar os sentimentos e o que está ao redor da pessoa, seja no campo, na loja, no escritório, pois tudo o que passa pela pessoa emociona, as condições de trabalho, como está sendo tratada, como as informações são passadas para ele, etc.
Envolver é mostrar o papel dele, a importância dele no contexto. O estímulo está ligado ao reconhecimento, fazer com que vá mais longe, mostrar que está indo bem e onde pode melhorar, e à recompensa, não só com recursos financeiros, mas com momentos que possam fazer feliz, como uma viagem, um jantar, etc.
Segundo o consultor, no engajamento tem o envolvimento de outras pessoas, o profissional começa a agregar, dar ideias, se sente parte do processo e precisa ser ouvido. No encantamento, é quando é preciso surpreender o funcionário.
Para Shimuta, o profissional tem de se sentir motivado, assim atua de forma muito positiva. “Ele tem de ter liberdade de ação e precisa ser encorajado. Se ele errar, não tem problema, se acertar, elogie. Sempre valorizamos o trabalho dos nossos profissionais. Ele tem de ser determinação no que está fazendo”, observou. Na sua opinião, a venda é um processo e é preciso ter paciência para entender o vendedor, o cliente e se o vendedor não estiver motivado, ele nem sempre fecha as vendas.
O presidente da Nicom afirmou que muitos de seus funcionários já participaram de cruzeiros e de dias de descanso em hotéis no interior de São Paulo e que há o hábito de fazer festas de confraternização com a família, pois aproxima a empresa, família e funcionário. “São detalhes importantes, a premiação é importante”, disse.
De acordo com Andrade, o propósito é o ponto inicial de tudo e um motivador do crescimento das empresas e que pode engajar muitas pessoas. “É importante para uma loja ou uma empresa criar um propósito e uma estratégia que seja clara e objetiva, entendida por todos, que precisam saber qual o seu papel nessa estratégia”, orientou.
Na sua concepção, a meritocracia também é fundamental, com mensuração baseada em critérios claros, seguida do reconhecimento. É preciso ter rotina de troca de informações, de cobrar e ouvir, de capacitação e desenvolvimento em todos os níveis e divisão de boas práticas, um conjunto de pontos relevantes para um ambiente favorável, que ajude a ganhar no futuro. Para o diretor da Amanco Wavin, o discurso tem de bater com a prática, com senso de justiça, de forma coerente. “É preciso trabalhar feliz”, ressaltou.

Horizonte de otimismo

Outro ponto avaliado foi o atual momento do setor de material de construção. Para Romero, mais do que o nível de renda, é a emoção que move o comércio, se o consumidor tiver uma boa percepção de futuro, ele continua a consumir. Isso se confirma a médio prazo, mas é importante saber como isso será colocado no futuro. “As pessoas estão confiantes, estão investindo, o Brasil é um ponto importante de investimentos, se tivermos uma boa perspectiva de futuro e uma infraestrutura de crescimento, logística, distribuição, custos menores, teremos boas perspectivas”, comentou.
Em complemento, Andrade disse que o setor teve uma vantagem ao ser considerado essencial e acredita num futuro promissor nos próximos dois ou três anos, graças aos juros baixos, os novos hábitos trazidos pela pandemia, como o home office, os programas do governo, como a Casa Verde e Amarela, com a regularização das casas, e outros como o marco regulatório do saneamento básico. O crescimento, no entanto, deva se acomodar, acima do Produto Interno Bruto (PIB), mas não nos patamares atuais.
Shimuta mostrou-se bastante otimista com o mercado, especialmente por registrar incremento próximo a 20% nos meses de pandemia. Ele lembrou, no entanto, que não se pode negligenciar os treinamentos em tempos de bons índices de crescimento.
O tema da live remete à importância da retenção de talentos, principalmente em tempos de redução de postos de trabalho como ocorreu na pandemia e num momento que se mostra mais promissor.
Romero citou um levantamento que indica que o salário não é o principal fator de retenção de profissionais, mas sim condições de trabalho e gestão, a forma da liderança trabalha o relacionamento com os colaboradores.
O valor agregado e maior quando o cliente interno está satisfeito e a liderança é a maior lacuna para que isso aconteça. “Liderança com exemplo é fundamental para que a pessoa se sinta confortável onde está”, disse. “O líder tem de ser capaz de desafiar o processo e estimular o time a ir mais longe, do contrário, os funcionários ficam mais vulneráveis ao mercado, que está atrás daqueles que fazem a diferença”, ressaltou. “O chefe manda, o líder inspira e enxerga o que o time pode entregar no seu máximo”, complementou.
O engajamento à distância também foi questionado. Para Andrade, a forma de engajar, neste momento, deve ocorrer por meio da proximidade, com informações e conversas que possam favorecer o bom atendimento. A rotina, segundo ele, tem de ser mantida, as reuniões precisam ocorrer, pois o momento de home office é desafiador e as ações precisam ser acompanhadas. “Em casa, não há uma visão geral do mercado, por isso é preciso trazer informações, sem perder o foco. As conquistas têm de ser comemoradas e os treinamentos da equipe com conteúdos novos e que tirem a pessoa da zona de conforto também são muito importante”, considerou.
Para finalizar, Shimuta destacou o valor da avaliação de cada colaborador, para mostrar o que pode ser melhorado e como melhorar seu desempenho, inclusive por meio de capacitação.

Foto: Adobe Stock

 

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