Tom otimista

Fim da crise?

08/03/2017

Um dos economistas mais influentes do Brasil na atualidade, Ricardo Amorim, foi o responsável pela palestra do segundo dia do Fórum Internacional de Arquitetura e Construção. Com o tema "Economia Brasileira Atual e Previsões", a palestra, que faz parte do Dia do Revendedor, foi voltada para executivos do varejo, indústria e entidades ligadas ao segmento de material de construção e acendeu a luz no fim do túnel para um setor que vem sofrendo com os impactos da crise político-econômica no País.
Realizada em 07 de março, em concorrida palestra Amorim apresentou dados que explicam a atual conjuntura econômica do País e quais as expectativas para o futuro próximo.
Com posicionamento otimista, a principal mensagem do economista foi que o pior ficou para trás - embora não se possa garantir que não haverá respingos da crise ao longo do ano. Existem, no entanto, aspectos que indicam um horizonte mais promissor para o País.
Segundo Amorim, entre 2013 a 2015, os sinais indicavam que os resultados não seriam bons, diferentemente de 2016, quando a expectativa era que haveria uma transição política, responsável por uma mudança de política econômica e que colocaria o Brasil numa rota de recuperação. “Olhando no retrovisor, como disse o ministro Henrique Meireles, dá vontade de cortar os pulsos e a tendência é projetar o retrovisor para frente ou acreditar que vai demorar para recuperar”, afirmou.


Por outro lado, na sua avaliação, as crises passam e quando a situação fica boa, a tendência é projetar que tudo será maravilha. “Porém, há altos e baixos, ciclos e pedras no caminho. E se não bastassem as crises internas, vêm as chacoalhadas de fora (referindo-se à eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos)”, lembrou.
Outro aspecto que chama a atenção é que ao comparar-se o desempenho econômico de todos os países do continente americano nos anos relativos ao governo de Dilma Rousseff, o Brasil só ficou atrás da Venezuela, o que derruba a crença de que a crise internacional foi a responsável pela recessão do País.

“Se os problemas brasileiros fossem resultados de uma crise internacional, a solução não estaria na nossa mão. Mas como foi consequência de nossos erros, está e, aos trancos e barrancos, estamos colocando ordem na casa”, destacou.


O economista explicou que a economia move-se em ciclos positivos e negativos alternadamente, mas que bons governos fazem com que os ciclos positivos sejam longos, grandes e com grandes surpresas a cada ano. No Brasil, segundo ele, o ciclo agora virou. “As perspectivas não são nenhuma maravilha para este e o próximo ano, mas já são muito melhores do que no ano passado. Provavelmente, as surpresas deverão ser para melhor”, acredita.
Importante para as indústrias do setor e também para revendedores que importam produtos, o câmbio foi um dos temas abordados pelo economista, que explicou que dada à lei da procura e oferta, o valor do dólar não deverá se estabilizar.


Embora não seja possível prever a variação cambial ao longo do ano, Amorim explica que se as promessas feitas por Trump se efetivarem, os custos de produção nos Estados Unidos deverão se elevar e, com eles, a inflação e o déficit fiscal naquele país. Haverá a necessidade de outras fontes de financiamentos diferentes dos recursos oriundos da compra de títulos do tesouro americano pela China.
Dados apresentados pelo economista indicam que o Brasil é um dos países que mais investe em relação ao total da economia local, entre as 50 maiores economias mundiais. “Isso quer dizer que o potencial do País é gigante. O que falta é investimento em construção porque exige maior disponibilidade de crédito. Com taxa de juros alta, investimento em construção é baixo”, observou. Ainda assim, o crédito imobiliário corresponde a 9% do PIB. Os benefícios da retomada da economia para o setor deverão ser sentidos a partir do segundo semestre no ano, de acordo com o consultor.
A basear-se em fator históricos, Amorim acredita em uma tendência positiva de crescimento. "O mínimo que o Brasil cresceu depois de uma depressão foi 5%. Não sei quanto o Brasil vai crescer, mas estamos na fase econômica que as surpresas serão positivas. Isso significa que é a fase das oportunidades. As grandes oportunidades ocorrem quando ninguém acredita”, orientou.
Quase em tom de profecia, o economista prevê a volta de nova classe média e na entrada de cerca de 30 milhões de novos consumidores no mercado nos próximos dez anos e que demandarão material de construção. “Olhem para o interior, que cresce mais do que as capitais nos últimos 15 anos. A área não plantada é do tamanho de 33 países da Europa, sem contar Amazônia, que deve ser preservada”, aconselhou.
A mensagem final do economista foi bastante positiva. “Estamos na hora certa, no lugar certo e no setor certo, porque o crédito puxará a recuperação brasileira. Os próximos anos exigirão trabalho duro, mas a crise tira a gente da zona de conforto. Ou muda ou morre. Isso vale para o País e para empresas”, destacou. “O que fará as empresas terem sucesso é produto, atendimento e serviços melhores e inovação e, para isso, precisam de gente bem preparada. Está na hora de semear o que vem depois. Espero que criem algo melhor, mais forte e transformem a crise em oportunidade. Estou confiante que vem uma recuperação mais forte”, finalizou.

A cobertura completa da palestra e do Dia do Revendedor poderá ser conferida na edição impressa (281) da Revista Anamaco.

Fim da crise?
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