Franquias no material de construção - Revista Anamaco

Cenários Anamaco

Franquias no material de construção

Texto: Redação Revista Anamaco

Desenvolvimento de franquias de material de construção foi o tema da vídeoconferência realizada ontem, 17 de agosto, na série Cenários Matcon da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Participaram do encontro o fundador da Casa do Construtor, Altino Cristofoletti Junior; o CEO da ABC da Construção, Tiago Mendonça; e o especialista em Franquia, Guilherme F. Gomes, com presença do presidente da Anamaco, Geraldo Defalco.
O moderador do debate, Átila Lira, diretor de Comunicação da entidade, apresentou alguns dados relativos ao setor, que faturou, em 2019, cerca de R$ 187 bilhões, valor 6,8% superior ao ano anterior, e cresceu 10%, no primeiro semestre deste ano, em faturamento. Com perdas de 48% na pandemia, vem aos poucos recuperando seus resultados de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Mas a que se atribui esse crescimento. Segundo Gomes, o brasileiro tem um perfil empreendedor aliado ao fato de as empresas estarem mais enxutas e horizontais, o que gera dificuldade para executivos de altos cargos conquistarem recolocações e a optarem por um negócio próprio por meio de franquias. “Muitas pessoas querem empreender, mas não possuem o perfil de começar do zero e buscam opções mais seguras, além de estar em moda entre os mais jovens”, comentou. Segundo ele, todos sofreram na pandemia, mas as franquias sofreram menos, pois conseguiram barganhar melhor.
Na opinião de Mendonça, é preciso entender o modelo de franquia. Com forte veia associativista, a ABC da Construção possui 90 unidades, sendo 70 franqueadas, e registrou crescimento de 70% no primeiro semestre de 2020. “Encaramos o franqueado como sócio e ficamos com a parte mais pesada dos investimentos, que são tecnologia e logística, além de oferecermos uma curadoria de mix”, contou.
De acordo com o empresário, a estratégia, nos meses de crise, foi realizar diversos treinamentos e estabelecer protocolos, postergar pagamentos, fortalecer estoques, tranquilizar a todos e enfrentar juntos a situação, medidas que permitiram registrar melhorias antes de outros segmentos de mercado. A grande preocupação era manter todos capitalizados.

  
                     GUILHERME F. GOMES                                                                   TIAGO MENDONÇA

Na Casa do Construtor, com 30 anos de operações na locação de máquinas e 290 unidades e 170 franqueados, o franchising é considerado uma plataforma de negócios, estando o Brasil entre os principais mercados do mundo. “Levamos muito em conta a parceria. Durante a pandemia, os franqueadores se preocuparam em fortalecer os franqueados. Fizemos renegociações com fornecedores, reposição de marca, ajuda para manter o caixa do franqueado”, disse Cristofoletti Junior.
Na sua visão, as necessidades dos consumidores foram mudando com as pessoas mais tempo dentro de casa, o que fez com que 60% do faturamento passasse a ser oriundos de pessoa física. “Daí a importância de ter informação, para rapidamente adequar o portfólio de produtos”, observou, destacando a importância da transformação digital nesse momento e de o setor contar com uma cadeia integrada e estrutura logística.
Defalco, por sua vez, destacou a importância do associativismo também nesse modelo de negócio. “A Anamaco procura dar um norte ao associado, uma consultoria e ferramentas que podem utilizar porque é difícil se manter no mercado isolado”, comentou.
E como negócio, para sucesso das franquias os investidores têm de levar em conta alguns fatores. Gomes destacou que parceria é fundamental e que o negócio a ser franqueado tem de ser viável e lucrativo para o franqueador e para o franqueado, ser de fácil expansão e contar com logística adequada.
O especialista lembrou, também, que é preciso ter uma marca forte, bem estruturada, com bom trabalho de marketing e suporte, além de fazer uma boa seleção de franqueados, de acordo com os valores da empresa. “É um negócio como qualquer outro, mas um modelo já testado, que possa ter possiblidade de replicação e que exige responsabilidade de ambas as partes”, afirmou.

  
             ALTINO CRISTOFOLETTI JUNIOR                                                       GERALDO DEFALCO

Os convidados reconhecem, no entanto, que o varejo de material de construção pode exigir mais investimentos iniciais por parte dos candidatos a franqueados. Na ABC, o aporte inicial parte de R$ 80 mil, para lojas em conversão, e fica entre R$ 150 mil a R$ 200 mil para uma unidade nova. A venda média, hoje, fica em torno de R$ 400 mil. Para abrir uma franquia da Casa do Construtor, o empreendedor necessita de R$ 600 mil a R$ 1 milhão, dependendo da localização. Em pequenas cidades, o modelo pode exigir R$ 150 mil a R$ 200 mil. Entre 80% e 90% do valor são destinados à compra das máquinas.
Em geral, os franqueados devem arcar com algumas taxas, como fundo de marketing, implementação da marca, além dos royalties, e manter capital de giro. “Entregamos solução, conectividade, omnichannel, equipe voltada ao CRM e desenvolvimento da plataforma digital com aproximadamente cem pessoas. “Queremos quase zerar o investimento inicial, mas é como um casamento. Sócio que tá na praia não funciona”, disse Mendonça, que vem criando novo modelo dentro da ABC da Construção.
O interessado em ser franqueado da Casa do Construtor não precisa ter experiência prévia no negócio, mas ter afinidade com os valores da empresa e com o tipo de negócio. A empresa oferece modelos por conversão, unidade nova, store in store (loja dentro de um depósito de material de construção), todos com suporte, como central de negociação, desenvolvimento de produtos e área de marketing, muito importante para a franquia, segundo Cristofoletti. A empresa mantém uma universidade corporativa, com diversos treinamentos, considerados fundamentais para a manutenção e sucesso do negócio.
Dadas as características do negócio, os executivos acreditam que a abertura de franquias deva ser uma tendência, não só pela dificuldade de recolocação profissional, mas pelos juros baixos, que tornam algumas aplicações financeiras pouco atrativas.
Gomes considera que o setor de franquias vem amadurecendo no Brasil e que há muitas pessoas sérias no ramo. Para ele, é um desserviço postagens e anúncios que passam a impressão de que o modelo é uma forma de enriquecimento fácil.
Para evitar esse tipo de impressão, Mendonça disse que conversa muito com os candidatos para entender a vida pregressa de cada um, porque franquia exige comprometimento. “É preciso gostar, o dinheiro é consequência”, completou Cristofoletti.
Para Gomes, franquia é um bom negócio se for bem feito e feito com responsabilidade. “É um mercado próspero, mas dá trabalho e precisa estar disposto. Pergunte a um franqueado se ele se arrependeu e se abriria outra unidade, se a resposta for positiva, é o principal”, concluiu.

Fotos: Reprodução da Internet

Franquias no material de construção
Compartilhe esse post:

Comentários