Maioria dos consumidores negativados já havia figurado nas listas de inadimplentes
Texto: Redação Revista Anamaco
Com 71,78 milhões de brasileiros com o nome negativado em agosto, a inadimplência no País atinge níveis alarmantes e se consolida como um dos maiores desafios da economia. Em agosto, o Indicador de Reincidência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), revelou que a maioria dos consumidores negativados já havia figurado nas listas de inadimplentes. No mês, do total de negativações, 83,95% foram de devedores reincidentes, ou seja, consumidores que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses.
Dentro desse universo, a maior parte, 62,63%, ainda não havia quitado as pendências antigas e foi negativada novamente. Outros 21,32% tinham saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas retornaram. Apenas 16,05% não estiveram com restrições no CPF ao longo do último ano.
Outro dado apurado pela pesquisa mostra que o tempo médio decorrido entre o vencimento de uma dívida e o vencimento de demais pendências para os reincidentes foi de 75,6 dias. Isso significa que, em média, após cerca de 2,5 meses do vencimento de uma dívida negativada, outra dívida já vence.
O indicador revela, ainda, que, nos últimos 12 meses encerrados em agosto, houve crescimento de 5,18% no número de devedores reincidentes, aqueles que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes no período analisado. A comparação é com os 12 meses anteriores. “O alto número de devedores reflete a dificuldade individual de milhões de famílias em honrar seus compromissos e impacta o consumo, o crédito e o crescimento econômico do País como um todo. Essa crescente ‘bola de neve’de dívidas, impulsionada por juros altos e um cenário macroeconômico desfavorável, torna-se um ciclo vicioso difícil de ser quebrado, deixando o brasileiro em uma situação de vulnerabilidade e fragilizando ainda mais a economia nacional", destaca José César da Costa, presidente da CNDL.
Paralelamente à alta reincidência, o Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas, que acompanha o número de consumidores que conseguiram sair dos cadastros de inadimplentes, registrou uma queda ainda mais acentuada. Nos 12 meses encerrados em agosto de 2025, houve uma redução de 12,59% no número de consumidores que limparam o nome, em comparação com os 12 meses anteriores.
A retração do indicador acumulado em 12 meses se concentrou na diminuição da recuperação de consumidores que levaram de quatro a cinco anos (-21,40%) para efetuarem o pagamento de todas suas dívidas.
O valor médio pago por consumidor recuperado em agosto de 2025 foi de R$ 2.721,26 na soma de todas as dívidas que tinha. Os dados ainda mostram que 56,18% pagaram até R$ 500 nas dívidas que possuíam.
Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, observa que a retração na recuperação de crédito é um sinal de alerta relevante. “Com juros altos, o poder de compra e a capacidade de negociação ficam ainda mais comprometidos, comprimindo a renda e afastando a possibilidade de estabilidade financeira. Como consequência, cresce o risco de exclusão financeira, em que milhões de brasileiros permanecem à margem do mercado de crédito. Enfrentar esse desafio exige ação coordenada entre mercado, Estado e programas de educação financeira; caso contrário, a inadimplência continuará sendo um obstáculo estrutural ao crescimento econômico e à mobilidade social”, alerta Pellizzaro Júnior.
Foto: Adobe Stock




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