Endividamento e inadimplência

Pesquisa revela que havia 72,96 milhões de consumidores negativados em novembro

Texto: Redação Revista Anamaco

O Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostra que o número de consumidores brasileiros com contas em atraso registrou aumento de 8,93% em novembro, na comparação com o mesmo período de 2024. Na passagem de outubro para novembro, o número de devedores cresceu 1,29%.
O levantamento estima que o Brasil tinha, em novembro, 72,96 milhões de consumidores negativados, o que representa 43,74% da população adulta do País. A alta anual de devedores foi impulsionada, principalmente, por dívidas com tempo de atraso de quatro a cinco anos (30,12%).
José César da Costa, presidente da CNDL, observa que há uma crescente dependência do cartão de crédito rotativo, do cheque especial e de empréstimos pessoais, que são as linhas mais caras do mercado. Esse padrão empurra o consumidor para um ciclo em que a renda não acompanha o custo de vida e o crédito passa a ser utilizado apenas para fechar o orçamento. “Quando ocorre atraso, ele perde acesso às opções mais baratas e fica restrito às modalidades mais onerosas, o que dificulta o pagamento, aumenta a inadimplência e alimenta a reincidência. Nesse contexto, o consumo diminui e o varejo encontra um ambiente desfavorável, com menor capacidade de recuperar margens e maior risco na concessão de crédito ao cliente final”, destaca.
De acordo com o estudo, a abertura por faixa etária revela que o número de devedores com participação mais expressiva no Brasil, em novembro, foi da faixa de 30 a 39 anos (23,41%). A participação dos devedores por sexo segue bem distribuída, sendo 51,21% mulheres e 48,79% homens.
Na análise por região, o Sul apresentou a alta mais expressiva no número de inadimplentes na comparação anual, com crescimento de 9,22%, seguido pelo Norte (8,62%), Sudeste (7,56%), Centro-Oeste (7,27%) e Nordeste (6,76%).
A pesquisa indica que, no mês, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.781,98 na soma de todas as dívidas. Considerando todas essas dívidas, cada inadimplente devia, em média, para 2,23 empresas credoras.
Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, frisa que o histórico revela que o consumidor brasileiro utiliza o crédito, principalmente para sobrevivência, e não como ferramenta de planejamento ou investimento. Ao mesmo tempo, ele está cada vez mais exposto a gatilhos de consumo, impulsionados por redes sociais, ofertas personalizadas e um e-commerce estimulante. “Esses são fatores que favorecem compras impulsivas mesmo com o orçamento já comprometido. Com tão pouco espaço além do pagamento de dívidas e contas básicas, pequenos imprevistos são suficientes para gerar novo endividamento e, diante de taxas de juros elevadas, o consumidor, rapidamente, entra em um efeito ‘bola de neve’ do qual é difícil escapar. Esse conjunto de pressões impacta, diretamente, o varejo: o cliente se torna mais sensível a preço, prazo e condições, além de menos disposto a assumir dívidas de médio prazo, reduzindo a capacidade de compra e a previsibilidade das vendas”, destaca.
Em novembro, o número de dívidas em atraso no Brasil teve crescimento de 14,81% em relação ao mesmo período de 2024. O dado observado no mês ficou acima da variação anual observada em outubro. Na passagem de outubro para novembro, o número de dívidas apresentou alta de 0,92%
Na análise da evolução do número de dívidas por setor credor, destacou-se o aumento das dívidas com o setor de Água e Luz com crescimento de 23,78%, seguido de Bancos (14,76%), Comunicação (9,93%) e Comércio (0,90%).
Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de Bancos, com 65,24% do total. Na sequência, aparece Água e Luz (10,79%), o setor de Comércio com 9,19% e Outros com 9,11% do total de dívidas
Na abertura por região em relação ao número de dívidas, a maior alta veio da Região Norte (16,01%), seguida pelo Sul (16,00%), Sudeste (14,48%), Centro-Oeste (13,55%) e Nordeste (11,09%).

Foto: Adobe Stock

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