Setor pode ser afetado pelo preço do gás - Revista Anamaco

Indústria cerâmica brasileira

Setor pode ser afetado pelo preço do gás

Texto: Redação Revista Anamaco 

O presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), Benjamin Ferreira Neto, faz uma alerta: a proposta apresentada pela Petrobras às distribuidoras, que poderá resultar, a partir deste mês de janeiro e pelos próximos quatro anos, em aumento de 50% no valor do gás natural, poderá ter sérias consequências para o setor. A entidade representa o segmento, que é o segundo maior consumidor industrial de gás natural do Brasil.
Ferreira Neto observa que o setor de revestimentos cerâmicos fez elevados investimentos para converter o gás natural na sua principal fonte energética. “Foi uma opção movida pela responsabilidade ambiental e constante busca pela sustentabilidade. Não podemos agora ser apenados por termos adotado uma prática ecológica correta”, pondera, revelando que a Anfacer enviou ofício ao presidente Jair Bolsonaro, apontando o problema da iminente majoração e solicitando soluções.
De acordo com a Associação, o Brasil é um dos protagonistas no mercado mundial de revestimentos cerâmicos e louças sanitárias, ocupando a terceira posição em produção e a segunda em consumo, além de ser o sétimo no ranking das exportações, com vendas para mais de 110 países. O segmento é, também, um grande gerador de empregos e renda e representa 6% do PIB da indústria de materiais de construção. “Respondemos por cerca de 14% de todo o gás natural de uso industrial no País. Prevemos sérias consequências para nosso setor caso se confirme a majoração, claramente sinalizada na proposta da Petrobras às distribuidoras”, salienta.
Segundo ele, um encarecimento de 50% de um insumo que representa 30% do custo total de fabricação do metro quadrado de cerâmica afeta de modo muito contundente a competitividade do setor no Brasil e no comércio exterior.
O executivo lembra que, em abril do ano passado, a indústria cerâmica comemorou a sanção presidencial da nova Lei do Gás, que prometia promover a abertura do mercado, representando um choque de energia barata e contribuindo para a recuperação da economia.    
Ferreira Neto comenta que o metro cúbico de gás natural no Brasil já é um dos mais caros do mundo. Diferentemente do que se vislumbrava quando da aprovação do novo marco regulatório, pela proposta da Petrobras às distribuidoras cujos contratos venceram no fim de dezembro, o preço do insumo subirá de aproximadamente US$ 8 para US$ 12 por milhão de BTU durante o primeiro ano de vigência dos novos contratos.
O presidente da Anfacer explica que, este ano, caso a política da Petrobras confirme-se, estima-se queda de 32% na produção nacional, ou 320 milhões de m² que deixarão de ser fabricados. Haverá consequente redução de 26% na geração de novos empregos. O impacto também será significativo nas exportações, com perda de 30% no ingresso de divisas. “A despeito da crise energética global, não se admite um aumento tão expressivo no preço do gás natural, no momento em que o setor industrial é decisivo para a criação de emprego e renda, em meio a uma das maiores crises da história”, avalia Ferreira Neto.

Foto: Adobe Stock

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